Mundo

Sobre as campas dos soldados mortos
o musgo trepa. solidão
um turbilhão de espectros arrastam-se
por entre as manchas esfumaçadas
que cobrem os ciprestes
ouvem-se gritos. ricochetes de balas
ouvem-se gemidos. gumes de facas

O século é grande. tanto quanto a miséria
o homem triunfante. preso nos labirintos da matéria
caí o suor dos esfomeados
caí o sangue dos leprosos
caí por terra os condenados

caí...caí...caí!

Por entre bombardeamentos
uma voz, um soluço
o desejo de querer sempre mais
caí corpo infiel
caí pedaços de pele
caí regime bolorento
caí alma ao sabor do vento

E sobre a macabra mesa. jantar divino
a Tua cabeça...
E sobre o colchão inerte. corpo enrugado
o espírito pobre amaldiçoado
nos seios virgens duma promessa
em nome duma fé
em nome dum deus qualquer
em nome do progresso
em meu, em teu nome
a devastaçao
aqui, além, mais longe.


Minhas veias sussurantes
arcadas inquietas, presas numa mão...
sei que morri dentro de meu peito
sinto-me. inerte entre os vivos
na superficie da esfera
onde bichos se confudem
com os Filhos eleitos.




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