Passado desmenbrado


Tudo parece-me transcendental
apática, perdida
sem cor a vida, é esfinge cadavérica
movendo esferas, numa valsa teatral

Totalmente imóvel, como um pilar de sal
minha boca permanece
solidificada pela dor dum abandono.

Pés caídos, desmembrados
enquanto ecos de assombro
povoam-me o espírito!

Diz-me que abriras os olhos,
diante de ti a miséria a fome de cada dia.
Já não sinto os cortes
nem as fracturas expostas a drenar
o sangue do sangue dos olhos
que olham nos teus sem nome.

Nas cadeiras bandas, nas esquinas
por entre o piso molhado.
As gotas da fobia
cerradas neste quarto
onde tempo passa sem pressa de partir ao chegar
sem vontade de esquecer o teu rosto
aquilo que faz a lua sonhar.





Comentários

  1. Tremendamente dramático o teu texto...és intensa no sentir...


    Doce beijo

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  2. 'o tempo passa sem pressa de partir ao chegar'

    Tão verdade!
    É das poucas perfeições existentes!

    Beijinho

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  3. Olá Bárbara

    Concordo com o Profeta, intensa, vai ao fundo o que é difícil e desgastante, mas é assim que se vai construindo o universo pessoal.
    É necessário um grande espírito de observação e grande sensibilidade, uma predisposição para o que não é fácil. Louvo-a por isso.

    Venho agradecer-lhe o comentário deixado no Artista Maldito e deixar-lhe um beijinho com grande carinho.

    Decerto que me permite linká-la, gostaria de o fazer. Já a conhecia do Tentativas Poemáticas.

    Até breve
    Isabel

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  4. Olá Bárbara
    Lamentável que pessoas como aquelas que escrevem em forma poética coisas como "...aquilo que faz a lua sonhar" não sejam ainda reconhecidas neste Continente que fecha portas ao talento insular.
    Beijinho
    António

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  5. Um poema extremamente sentido.
    Obrigada pela visita ao meu blog. **

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  6. Sou palavra perdida no silêncio
    Gerada no ventre do Mar
    Grinalda de perdidos sonhos
    O passado do verbo amar

    Amei!
    Voar na chegada de cada Primavera
    Pintar de luz as cores do verão
    Pisei o tapete das folhas de Outono
    Acendi em cada inverno uma fogueira de paixão


    Convido-te ao encontro com o meu “Eu”

    Bom fim de semana


    Mágico beijo

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  7. Gostei do texto... Directo, simples, dramático e acima de tudo sentido!

    Beijo,

    Draco

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  8. Bom-Dia Bárbara

    Venho desejar-lhe uma quadra natalícia feliz e desafiá-la para uma brincadeira que tenho no A. Maldito.

    Beijinhos com muito azevinho
    Isabel

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  9. Perturbadora essa imagem... Fez-me não querer ler... Mas, inegavelmente, tenho de dizer queés uma das melhores poetisas que já li! Adoro os teus poemas!!!

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