Fúnebre

Sem dirigir o olhar, caminhei ao lado daquele homem sinistramente belo.
O seu tom de voz era forçado, impessoal, reprimido.
Como se por detrás dos seus olhos azuis houvesse um mundo cadavérico e inabitável.

Imperava o desejo humano e frágil de fugir.
Seguir o meu caminho, sem olhar atrás. "Mas ele não me deixaria escapar"-pensei eu-
O ar era denso, frio, fúnebre...os movíes estavam cobertos de pó e de acordes de valsas tão antigas como aquele piano negro.

Havia uma luz ao fundo do corredor, penso que seria um candieiro de petróleo...
Não me atrevia a especular sobre o terrivel segredo protegido por aquelas paredes espessas e cortinas voluptuosas..

Fechou a porta para não deixar entrar a luz das estrelas. Disse-me que tinha pavor a claridade. Que o silencio fala, o silencio cala. nas ruínas da imensidão...
Súbitamente sussurou-me ao ouvido "quero o teu beijo lunar. o medo que fica preso entre os dedos."
Os meus lábios estavam cristalizados ou seriam os sentimentos. Não pode expressar, deixe-me consumir pelo incenso...

Comentários

  1. Barbara, gostei do teu texto.
    É tão realista que até assusta...
    "O ar era denso, frio, fúnebre...os movíes estavam cobertos de pó e de acordes de valsas tão antigas como aquele piano negro."
    Bom fim de semana.
    Um beijo.

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  2. PS:
    Devias aumentar o tamanho do texto. A letra é demasiado pequena.
    É uma sugestão...

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  3. Mas porque raio vejo em tudo
    A musica sempre presente
    Porque umas vezes me faz triste
    Outras me deixa contente?

    E fui cantador de prosas sem rima
    E fui tenor de palavras sem sentido
    Cantei invenções e perdidos sonhos
    E nisto não fui um cantador contido

    Cantei-te a vida que vivi
    As coisas que me fazem sofrer
    Neste palco ninguém morre
    No aplauso julguei esquecer...


    Doce beijo

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