Olhos ancestrais

Espontaneamente surgiste
como o sol poente, 
a onda que quebra contra o areal.
Em teus olhos rasgados de castanho
vejo sombras de outras eras 
Tua pele desliza mansamente  
por entre os lençóis banhados de conchas e corais.

Beijarei cada suspiro teu
A vida toda ela num espasmo de mãos 
contra o peito
e a boca em flor quebra-se 
como um fruto maduro ao sol
desfaz-se a espuma antiga e outro tumulto
se aproxima, amor és tu.

Oiço a melodia da tua voz 
Num eco uivante inventas a palavra amor.

Descerras em mim galáxias latejantes
de pálpebras palpitantes e mãos
que se cerram na força de apertar.

O grito que circula o corpo
perdido na vastidão de cada segundo
junto a ti

Quão frágil é,
delicado como o beijar
de olhos murmurantes 
por entre as ondas de sal
o meu cabelo de cobre ondulante
envolve cada silêncio que morre contigo.
 
Eu sei quanto és e quanto significas
que em ti habitam mundos de outros mundos 
que tingem os teus olhos ancestrais
de puro deleito de colinas que se serram 
no desejo que devoras os lábios semiabertos

Que descobrem a tua boca no instante 
do sorriso de quem sabe que o eterno é isto:
morrer em ti!




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