Quimera

Líquido como o ar que passa,
por entre as rochas, 
devagar, o tempo desdobra-se 
e a dor mais profunda
como gotas de sangue 
que caem e escoam no chão. 

Fingi estar bem,
sorri, como quem olha para as estrelas
e lê a primeira letra do poema.
sorri, como quem sente
as ondas na ponta dos dedos.
sorri, por entre os gritos de desespero
que como um eco percorrem os ossos
retorcem as veias e dilaceram os músculos.

Suavemente, sorri, o som do choro
já não faz sentido
e deixo-me invadir pela quimera
de uma infância roubada
de uma casa de bonecas imaginária
de um abraço de conforto nunca recebido.  

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