o corpo deitado ao acaso
debaixo da clarabóia do pensamento
o céu cinzento imóvel
congelava a boca do tempo
monstros de cimento
abatiam-se sobre mim
como mãos que esmagam flores
dentes em lava rasgando
o algodão doce. a tua memória

há questões que não valem a pena
as horas debruçadas
em respostas vagas que se amontoam
em vãos de escadas

não há voz, nem registo,
no último som da melodia incerta
dos prédios que caem
sobre as nossas cabeças

notasse como expressão. um grito
que estrabaça das muralhas obscuras. solidão
notasse a testa franzida
os lábios gretados e poeirentos. trémulas mãos
perdidas no esquecimento. ruelas duma sensação

cada regresso tardio é uma fuga aguda
embriagues nocturna, raio de chuva
carne da minha timidez

agora sangram os portoes de ferro
que se abrem até ao céu
paredes de cal e miséria
deste quarto, doce quimera
arrumo a bagagem. penso nos teus olhos nos meus
sigo viagem...num último adeus...

Comentários

  1. Desculpas!
    Fui “ripando” aqui e ali.
    À medida do meu sentir
    E…
    deitado ao acaso
    as horas debruçadas
    congelavam a boca do tempo
    em respostas vagas que se amontoam
    no último som da melodia incerta
    notasse-me a testa franzida
    penso nos seus olhos e nos meus
    espero…
    :-)

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  2. Olá Bárbara
    A "explosão" a que me refiro no meu poema refere-se a AVC, enfarte, trombose ou coisa do género.
    Mas gostei muito do seu comentário, assim como do poema que publicou.
    Desejo que esteja tudo bem consigo.
    Beijinho com ternura.
    António

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  3. ... a

    in-ven-tar de-va-ga-r o teu


    nome,


    [ be welcome!

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  4. Tens 21 anos!? Pois! E uma alma que não cabe dentro do teu corpo...


    Doce beijo

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